No passado, fazenda Santa Cruz,
No presente, comunidade de esperança e luz,
Destaca-se na agropecuária, banana e café,
Pedaço de terra doado, por um casal de muita
fé.
A vila dorme cedo e muito cedo se levanta,
Ao contar a sua história a gente até se
espanta,
Em sua expansão, para mostrar os caminhos,
Ao abrir das matas, muitos índios,
Posseiros foram maus vizinhos,
Entraram em conflitos, prontidão e luta
armada,
Por um alqueire de terras, em capoeiras
encravadas,
Santo Antonio das garruchas, alguém o chamou,
Nunca foi registrado o apelido, do vilão que
o batizou.
Tudo é contornado, isso eu bendigo,
Atualmente, o progresso na vila chegou,
Com boas escolas, luz elétrica,
Posto Médico e também doutor.
Com bastante lares, moradores se irradiam.
A usina ébria dorme.
Fabrica queijos, caixa d’água, fibra São
Bento,
bom clima, raios solares,
Comunidade, fabrica e vende,
massas para ramos escolares.
Quem de lá mudou, volta à sua casa,
Com recordação, o morador lhe apraz,
Para se chegar até a vila,
Segue-se a estrada Mimoso Conceição,
Sobe as curvas da serra,
Segundo informações, essa via, estrada
Chegando à vila, percebe-se o coreto,
Em época de festa serve para bandas e
quarteto,
Uma fonte, dava para ser inesgotável,
Acumula em teu seio água viva, tratada e
potável.
No dia treze de junho, a capela faz
aniversário,
Fica bastante alegre, repica o campanário,
Tocam ainda a mesma canção,
A riqueza cultural vem da tradição
Armazenada no “arquivo” de cada um
Eles fazem de tudo para o folclore não
morrer,
São tantos...
Enumerá-los: Por quê?
Fazenda Santa Cruz
Santo Antônio do Muqui
PRIMEIRO POSSEIRO
Em 1º de setembro de 1837, chegou nessa
terra, o
primeiro posseiro, Sr. FRANCISCO JOSÉ LOPES
DA
ROCHA, e sua esposa MARIA DO CARMO DE JESUS,
tendo muitos filhos. Sua família foi logo se
apossando de
grandes glebas de terras: desde a Fazenda da
Barra, altos
de São Bento - altos de Conceição do Muqui,
assentando
ao lado do afluente do rio Muqui do Sul,
desenvolveram
suas atividades na lavoura, abrindo as matas,
fazendo
plantações, tendo a sua morada edificada com
outros
caprichos. Causando aos índios certa
contrariedade pelo
seu modo de viver, uma comissão de seis
membros entre
eles, os índios Venâncio, João e Natividade,
como líderes,
intimaram o detentor daquelas terras a se
retirar, visto
que aquilo não lhe pertencia a ele estava
alterando os
costumes locais. Bem corajoso, Francisco
Lopes, enfrentou
os índios dizendo-lhes que havia requerido
aquela
sesmaria na Corte, ela lhe pertencia e dali
não se retirava.
Apontou para os mesmos uma espingarda,
conseguindo,
assim, que eles se retirassem. À noite,
porém, os índios
voltaram ao rancho do posseiro, roubando
todas as panelas
e utensílios de casa. Sempre destemido,
FRANCISCO
JOSÉ LOPES DA ROCHA e dois camaradas bem
armados,
percorreram, uma por uma, as choupanas dos
índios,
até que na décima encontraram os objetos
roubados,
retomando-os e espantando os seus contendores
com a
sua coragem já conhecida. À certa distância,
um índio,
que conseguira fugir com a sua flecha,
desfechou-a sobre
o seu adversário, ferindo-o no umbigo. Os dois camaradas
retornaram ao rancho com FRANCISCO LOPES DA
ROCHA,
lá ele foi tratado com toucinho cozido sobre
a região
ferida. Quando cicatrizou, partiu para Campos,
a fim
de medicar-se e fez o percurso da viagem em
canoa do
Porto da Prata-Limeira e Barra do Itabapoana.
DOAÇÃO DE TERRENO PARA O PATRIMÔNIO
Em 27 de fevereiro de 1912, o Sr. ANTÔNIO
LOPES
DA ROCHA, casado com Dona, MARIANA ANTÔNIA
DE LACERDA, fazem doação de um terreno para
formação da localidade do “Patrimônio de
Santo Antonio
do Muqui, dentro da propriedade que herdara
de seus pais.
Pois já havia a primeira capela construída
por eles, que
eram bastante devotos do Santo. O gesto
altruístico e
patriótico teve uma repercussão sensivelmente
agradável,
enchendo de alegria o vasto círculo de relações
dos beneficiadores,
notadamente a família LOPES DA ROCHA,
que foi a primeira a fixar em nossa terra.
SIGNIFICADO DO NOME
O nome “Santo Antônio do Muqui”, dado ao
Distrito
é uma homenagem ao Senhor Antônio Lopes da
Rocha, ao padroeiro Santo Antônio de Pádua e
Muqui,
devido ao rio Muqui que corta a região.
Transcrevemos
com prazer, na integra a Escritura de doação
de terra
para a vila de Santo Antônio do Muqui,
conforme original:
“Entre-vivos que fazem ANTONIO LOPES DA ROCHA
e sua mulher, na forma abaixo: (Pág.
66)Saibam
quantos este público instrumento de escritura
de doação
entre-vivos virem que no ano do Nascimento de
Nosso
Senhor Jesus Cristo de mil novecentos e doze,
aos vinte
e seis dias do mês de Fevereiro, em meu cartório
nesta
cidade do Itabapoana, Estado do Espírito
Santo e República
dos Estados Unidos do Brasil, compareceram
presentes
como outorgantes doadores o cidadão ANTONIO
LOPES DA ROCHA e sua mulher Dona MARIANA
ANTONIA
DE LACERDA, lavradores e residentes neste
Município,
conhecidos pelos próprios de mim tabelião e
das
duas testemunhas abaixo, nomeadas e no fim
assignadas
também minhas conhecidas, do que dou fé;
perante as
quais por eles me foi dito que, da herança em
terras em
capoeiras que lhes tocou em partilhas no
inventário por
falecimento de sua mãe, Dona Maria do Carmo
de Jesus,
procedido no juízo desta Comarca, achavam-se
contratados
doar, as mesmas terras, um alqueire de terras
em capoeiras encravadas na Fazenda de Santa
Cruz, ao
Imaculado Santo Antonio, para o fim de ser no
mesmo
terreno edificada uma capela com a invocação
de “Capela
de Santo Antonio” e pertencendo o dito
terreno ao
patrimônio do referido santo, cujo terreno
será tirado
nas capoeiras próximas à casa de vivenda da
Fazenda
referida e a margem do Ribeirão Muqui do Sul,
doação
esta que fazem de sua livre e espontânea
vontade e gratuitamente,
declarado que o terreno que ora doa, lhes
tocou a razão de oitenta mil réis o alqueire
no referido
inventario; e como efetivamente tem doado o
dito alqueire
de terra, situado na Fazenda de Santa Cruz
neste Município,
para patrimônio e Capela distrito de Santo
Antonio;
que venera nesta freguesia de São Pedro de
Alcântara
do Itabapoana, representando neste ato pelo
reverendo
Padre AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, vigário
desta
freguesia, até pela cláusula constituída seu
domínio,
posse direito e ação que tem na dita causa
doa para o
outorgado donatário o possua sem recurso
algum, como
sua que é e fica sendo. Então pelo reverendo
padre vigário
AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, me foi dito
perante
as mesmas testemunhas em nome do Imaculado
Santo Antonio, feita a presente doação,
aceitando a presente
escritura por produzir todos os seus efeitos
legais,
do que tudo; eu tabelião dou fé. É assim
contratado me
pediram lhes lavrassem a presente escritura
em minhas
notas a qual lhes sendo lida, acharam
conforme e assignam
com as testemunhas presentes, DIOGO BENTO DA
SILVA e AUGUSTINHO FERREIRA digo, AGUSTINHO
FRANCISCO DA SILVA, assignando a rogo da
outorgante
doadora por não saber ler nem escrever,
GRINALSON
MEDINA, perante mim, JOSÉ XAVIER LEITE,
tabelião
que a escrevi. Está devidamente assigmada com
uma
estampilha de trezentos réis. São Pedro, 10
de junho de
1930 Sebastião Nogueira Santos.
GENEOLOGIA DE ALCEBÍADES LOPES AMADO
Francisco José Lopes da Rocha casado com
Maria
do Carmo de Jesus Lopes; pais de Antônio
Lopes da
Rocha. Casado com Mariana Antônia Lacerda,
que gerou
Honório Lopes da Rocha, que foi casado com
Francisca
Maria de Jesus Lopes, pais de Minervina Maria
Lopes,
casada com Antonio Rodrigues Amado que são os
pais
de Alcebíades Lopes Amado.
CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA CAPELA
Inaugurada na vila de Santo Antônio do Muqui,
posteriormente a 1914. Foram os seus
timoneiros: Cap.
ANTÔNIO LOPES DA ROCHA e sua esposa, Dona
MARIANA ANTÔNIA DE LACERDA, que doaram um
alqueire de terreno para o patrimônio da
capela, em 26
de fevereiro de 1912, por escritura passada
no tabelião
JOSÉ XAVIER LEITE, Daí o nome da capela e da
localidade
de Santo Antonio. Prestaram relevantes
serviços a
numerosa família LOPES DA ROCHA, a família
Sanches
e outros. Foi construída a capela toda em
madeira. Os
doadores também presentearam com um lindo
altar em
madeira de lei trabalhado e uma imagem toda
de madeira
do padroeiro de Santo Antônio de Pádua. Dona
Honorina
Lopes Barbosa (Dona Tota) era a presidente da
capela
que ainda não era reconhecida pela Diocese de
Vitória.
Foi ela a criadora das “Pastorinhas” por
volta de 1930.
Em 1935, foi organizado um Conselho a fim de
que fosse reconhecida a capela do Padroeiro
Santo Antonio
de Pádua, por: Constâncio Gonçalves Vivas,
Francisco
Poubel da Silva, Francisco Pereira Cardoso,
José Pasculli,
João Lopes Theodoro, Francisco Gonçalves,
José Fernandes
Fonseca, Luiz da Silva Camargo, Adolpho
Gonçalves
Vivas, Francisco Vencioneti e Guido Gualandi,
com
administração do Padre Elias Tommasi.
Segundo Dona Odete Vivas Amado, o Padre Elias
viajava num burrico, para ir às capelas rezar
as Santas
Missas. Certa ocasião, ele tomou um tombo do
animal, e
no mês seguinte chegou de JIP. Ao termino da
Missa, a
criançada em volta do padre, pedia a ele que
desse um
passeio no carro. Dezenas e dezenas de
crianças eufóricas
em torno do JIP. O padre não teve saída. Na
vila o carro
era novidade, pois nessa época, havia somente
a fubica
do tio Leonidio. Quando o veículo fazia
retorno para a
volta, próximo a ponte da Boinha, este
derrapou e acabou
caindo dentro do córrego. Graças a Deus
ninguém se
machucou. Apesar de muitos e muitos anos
passados,
respira aliviada a Dona Odete Vivas Amado.
SEGUNDA CAPELA
Construída, tipo alvenaria, com pedras
naturais
irregulares, ou artificiais e tijolos. A
torre, em cone, com
acabamento em zinco. Por volta da década de
40,
Minervina Maria Lopes, doou a nova imagem de
Santo
Antonio. Ela saiu da fazenda Santa Cruz, em
uma procissão,
levando a imagem para capela, com isso Dona
Minervina dizia que cumpria a promessa, pois
curara-se
de um câncer no seio, acreditava que o
intercessor da
cura fora o milagroso Santo Antonio. Conta a
história
que o câncer atingira os olhos de Minervina,
que também
foi curada pela intercessão de Santa Luzia, a
qual sempre
venerou em oratório em sua residência, na
fazenda. Desde
essa época, o dia 13 de dezembro, foi
dedicado à Santa
Luzia, e festejado com queima de fogos de
artifícios.
Mesmo com a morte de Dona Minervina, ocorrida
em
agosto de 1982, a tradição é mantida e ainda
hoje os fogos
podem ser ouvidos na Vila de Santo Antônio do
Muqui.
Dona Minervina doou também para a capela, uma
luminária central, dois pequenos altares
laterais, uma
imagem tipo barroca, em madeira de Nosso
Senhor dos
Passos. Várias zeladoras e presidentes da
capela contribuíram
até os anos 60 para manutenção da capela:
Silvia
Figueiredo, Araci Lopes amado, João Lopes
Theodoro,
Alcebíades Lopes Amado.
TERCEIRA CAPELA
A vila de Santo Antonio, vivia grandes
expectativas
com a construção da nova capela. Fez-se um
resgate
cultural no evento “As Pastorinhas”, e em
1961 foi criado
por Alci Santos Vivas Amado e Doroti Gomes
Amado, o
famoso “Presépio vivo”, com a colaboração do
povo da
vila. A capela foi transferida para o prédio
da máquina, o casarão cultural.
para dar início à construção da Igreja Pedra
de Santo
Antonio. Muitos nomes destacaram-se nessa
construção:
Manoel Lopes Amado, Alcebíades Lopes Amado e
Otavio
Braga (tio do cantor Roberto Carlos), os
quais administraram
mais de 20 homens, moradores da vila, todos
em
trabalho nessa obra.
Os movimentos que mais se destacavam, nessa
época, eram as Cruzadinhas Eucarísticas. O
figurino
tinha uma fita amarela e uma cruz de cor azul,
fazíamos
apresentações em diversas cidades do
interior, Morro do
Coco, Mimoso, entre outras. A última foi em
Conceição
de Muqui, no campo de futebol, que ficou
repleto de
crianças, vestidas de branco e com a fita
amarela, exibindo
lindas coreografias. Nessa ocasião o Padre
Theodoro
trouxe um gravador. Todos ficaram encantados,
foi a
primeira vez que se viu um.
Também havia os Lingüistas, o Apostolado de
Oração, as Filhas de Maria e as Liga Católica
formada
apenas de homens. A Santa Missa era rezada em
latim, e
aconteciam sempre no dia 13 de cada mês. Alci
Vivas
Santos Amado foi coroinha e ajudou nas
celebrações.
QUARTA CAPELA E ATUAL
Construída em projeto moderno para época,
herdou o sino da capela anterior, que teve
seu bronze
rachado devido ao tempo de uso.
Década de 70. Toda a capela em festa para
receber
a doação do turíbulo, oferecido pela Dona
Minervina, e o
relógio da torre, iniciativa de Alcebíades
Lopes Amado.
Esse dia muito especial, também foi marcado
pelo início
dos serviços de alto-falantes da capela.
No final dessa década, Alcebíades Lopes Amado
e
a comissão da Igreja, resolveram trocar o
forro da capela
que era de madeira, e algumas partes já se
encontravam
danificadas, o qual foi refeito com laje de
concreto. Nessa
mesma década, providenciou a chegada de duas
imagens:
Nossa Senhora, para coroação; e uma imagem
bem
maior do padroeiro de Santo Antonio do Muqui.
Com os documentos do Concílio Vaticano II, a
nova denominação comunitária: Coordenadores
de Equipe
da Comunidade. Aliás, acredito não ser um
novo jeito,
mas sim a Igreja em busca do resgate das
comunidades.
“Vede como eles se amam!”
Um fato que chocou a vila foi o roubo da
imagem
barroca de Nosso Senhor dos Passos,
confeccionada em
madeira, na década de 80.
REGISTRO DE FAMÍLIAS - DÉCADA DE 40 a 70.
Lopes, Rocha, Amado, Vivas, Salluci, Gomes,
Barbosa, Guimarães, Sanches, Figueiredo,
Popim,
Setime, Oliveira, Dos Santos, Torres, Possi,
Prúcolli,
Morisqui, Valim, Sarti, Girondi, Favaris,
Nazaré,
Espani, Gonçalves, Passareli, Prechedes,
Benevenutti,
Bonfanti, Cacholli, Cock, Fitaroni,
Galegario, Menegucci,
Assaid, Ramanholi, Gualandi, Astolfi,
Bonfanti, Poubel,
Pasculli, Theodoro, Fonseca, Camargo,
Venciooneti,
Gerônimo e Peres.
O Sr. Sebastião Prúcolli e Dona Conceição
moravam
na “Fazenda Sapucaia”, certa ocasião fui em
sua
casa buscar prendas para o leilão da
Cruzadinha, e ele
me contou alguns fatos.
Lembrava-se da chegada ao Brasil quando
garoto
junto de seus pais e tantos outros
imigrantes, no dia 02
de dezembro de 1899. Segundo ele, a maioria
das famílias
não sabia qual o destino a tomar, algumas se
instalaram
no Estado de Santa Catarina, zona rural e
outras no Espírito
Santo.
Ele não se recordava de detalhas, mas sua
família
foi parar no município de São José do
Calçado; de lá, eles
e mais meia dúzia de famílias embarcaram no
trem.
Quando o maquinista anunciou. — Final da
linha. Eles
desceram, num lugarejo denominado Santo
Eduardo,
onde permaneceram mais de uma semana à espera
de
uma condução.
Sr. Sebastião deu um sorriso e continuou o
relato.
— E finalmente, surgiu! Um carro de boi!
Chovia um
pouco, nos agasalhamos e partimos. Na viagem
o tal
carro de boi tombou, em consequência das
águas chuva.
Felizmente, nada pior aconteceu. Ainda me
lembro de
que no dia seguinte, houve a distribuição do
pessoal, e a
minha família mais uma outra foram para São
Pedro de
Alcântara, hoje Mimoso do Sul. Bem mais
tarde, eu já
rapazinho, comprei um pedaço de terra na
Sapucaia, onde
me casei e tivemos nossos filhos.
Com a implantação do dízimo, a capela deixou
de
coordenar o prédio do coreto, que no passado
era a fonte
para manter os trabalhos religiosos e
programar os festejos
que ocorriam todos os anos no dia 13 de
junho.
Nota: Algumas descrições deste capítulo foram
baseadas
no Livro de Grinalsom Medina.
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