terça-feira, 29 de julho de 2014

SANTO ANTONIO DO MUQUI




Santo Antônio do Muqui


No passado, fazenda Santa Cruz,
No presente, comunidade de esperança e luz,
Destaca-se na agropecuária, banana e café,
Pedaço de terra doado, por um casal de muita fé.

A vila dorme cedo e muito cedo se levanta,
Ao contar a sua história a gente até se espanta,
Em sua expansão, para mostrar os caminhos,
Ao abrir das matas, muitos índios,
Posseiros foram maus vizinhos,

Entraram em conflitos, prontidão e luta armada,
Por um alqueire de terras, em capoeiras encravadas,
Santo Antonio das garruchas, alguém o chamou,
Nunca foi registrado o apelido, do vilão que o batizou.

Tudo é contornado, isso eu bendigo,
Atualmente, o progresso na vila chegou,
Com boas escolas, luz elétrica,
Posto Médico e também doutor.
Com bastante lares, moradores se irradiam.
A usina ébria dorme.


Fabrica queijos, caixa d’água, fibra São Bento,
bom clima, raios solares,
Comunidade, fabrica e vende,
massas para ramos escolares.
Quem de lá mudou, volta à sua casa,
Com recordação, o morador lhe apraz,
Para se chegar até a vila,
Segue-se a estrada Mimoso Conceição,
Sobe as curvas da serra,
Segundo informações, essa via, estrada
tem esperança de ser asfaltada.

Chegando à vila, percebe-se o coreto,
Em época de festa serve para bandas e quarteto,
Uma fonte, dava para ser inesgotável,
Acumula em teu seio água viva, tratada e potável.

No dia treze de junho, a capela faz aniversário,
Fica bastante alegre, repica o campanário,
Tocam ainda a mesma canção,
Fazendo vibrar qualquer coração.

A riqueza cultural vem da tradição
Armazenada no “arquivo” de cada um
Eles fazem de tudo para o folclore não morrer,
São tantos...
Enumerá-los: Por quê?




Fazenda Santa Cruz
Santo Antônio do Muqui


PRIMEIRO POSSEIRO

Em 1º de setembro de 1837, chegou nessa terra, o
primeiro posseiro, Sr. FRANCISCO JOSÉ LOPES DA
ROCHA, e sua esposa MARIA DO CARMO DE JESUS,
tendo muitos filhos. Sua família foi logo se apossando de
grandes glebas de terras: desde a Fazenda da Barra, altos
de São Bento - altos de Conceição do Muqui, assentando
ao lado do afluente do rio Muqui do Sul, desenvolveram
suas atividades na lavoura, abrindo as matas, fazendo
plantações, tendo a sua morada edificada com outros
caprichos. Causando aos índios certa contrariedade pelo
seu modo de viver, uma comissão de seis membros entre
eles, os índios Venâncio, João e Natividade, como líderes,
intimaram o detentor daquelas terras a se retirar, visto
que aquilo não lhe pertencia a ele estava alterando os
costumes locais. Bem corajoso, Francisco Lopes, enfrentou
os índios dizendo-lhes que havia requerido aquela
sesmaria na Corte, ela lhe pertencia e dali não se retirava.
Apontou para os mesmos uma espingarda, conseguindo,
assim, que eles se retirassem. À noite, porém, os índios
voltaram ao rancho do posseiro, roubando todas as panelas
e utensílios de casa. Sempre destemido, FRANCISCO
JOSÉ LOPES DA ROCHA e dois camaradas bem armados,
percorreram, uma por uma, as choupanas dos índios,
até que na décima encontraram os objetos roubados,
retomando-os e espantando os seus contendores com a
sua coragem já conhecida. À certa distância, um índio,
que conseguira fugir com a sua flecha, desfechou-a sobre
o seu adversário, ferindo-o no umbigo. Os dois camaradas
retornaram ao rancho com FRANCISCO LOPES DA ROCHA,
lá ele foi tratado com toucinho cozido sobre a região
ferida. Quando cicatrizou, partiu para Campos, a fim
de medicar-se e fez o percurso da viagem em canoa do
Porto da Prata-Limeira e Barra do Itabapoana.


DOAÇÃO DE TERRENO PARA O PATRIMÔNIO

Em 27 de fevereiro de 1912, o Sr. ANTÔNIO LOPES
DA ROCHA, casado com Dona, MARIANA ANTÔNIA
DE LACERDA, fazem doação de um terreno para
formação da localidade do “Patrimônio de Santo Antonio
do Muqui, dentro da propriedade que herdara de seus pais.
Pois já havia a primeira capela construída por eles, que
eram bastante devotos do Santo. O gesto altruístico e
patriótico teve uma repercussão sensivelmente agradável,
enchendo de alegria o vasto círculo de relações dos beneficiadores,
notadamente a família LOPES DA ROCHA,
que foi a primeira a fixar em nossa terra.

SIGNIFICADO DO NOME

O nome “Santo Antônio do Muqui”, dado ao Distrito
é uma homenagem ao Senhor Antônio Lopes da
Rocha, ao padroeiro Santo Antônio de Pádua e Muqui,
devido ao rio Muqui que corta a região. Transcrevemos
com prazer, na integra a Escritura de doação de terra
para a vila de Santo Antônio do Muqui, conforme original:
“Entre-vivos que fazem ANTONIO LOPES DA ROCHA
e sua mulher, na forma abaixo: (Pág. 66)Saibam
quantos este público instrumento de escritura de doação
entre-vivos virem que no ano do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo de mil novecentos e doze, aos vinte
e seis dias do mês de Fevereiro, em meu cartório nesta
cidade do Itabapoana, Estado do Espírito Santo e República
dos Estados Unidos do Brasil, compareceram presentes
como outorgantes doadores o cidadão ANTONIO
LOPES DA ROCHA e sua mulher Dona MARIANA ANTONIA
DE LACERDA, lavradores e residentes neste Município,
conhecidos pelos próprios de mim tabelião e das
duas testemunhas abaixo, nomeadas e no fim assignadas
também minhas conhecidas, do que dou fé; perante as
quais por eles me foi dito que, da herança em terras em
capoeiras que lhes tocou em partilhas no inventário por
falecimento de sua mãe, Dona Maria do Carmo de Jesus,
procedido no juízo desta Comarca, achavam-se contratados
doar, as mesmas terras, um alqueire de terras
em capoeiras encravadas na Fazenda de Santa Cruz, ao
Imaculado Santo Antonio, para o fim de ser no mesmo
terreno edificada uma capela com a invocação de “Capela
de Santo Antonio” e pertencendo o dito terreno ao
patrimônio do referido santo, cujo terreno será tirado
nas capoeiras próximas à casa de vivenda da Fazenda
referida e a margem do Ribeirão Muqui do Sul, doação
esta que fazem de sua livre e espontânea vontade e gratuitamente,
declarado que o terreno que ora doa, lhes
tocou a razão de oitenta mil réis o alqueire no referido
inventario; e como efetivamente tem doado o dito alqueire
de terra, situado na Fazenda de Santa Cruz neste Município,
para patrimônio e Capela distrito de Santo Antonio;
que venera nesta freguesia de São Pedro de Alcântara
do Itabapoana, representando neste ato pelo reverendo
Padre AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, vigário desta
freguesia, até pela cláusula constituída seu domínio,
posse direito e ação que tem na dita causa doa para o
outorgado donatário o possua sem recurso algum, como
sua que é e fica sendo. Então pelo reverendo padre vigário
AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, me foi dito perante
as mesmas testemunhas em nome do Imaculado
Santo Antonio, feita a presente doação, aceitando a presente
escritura por produzir todos os seus efeitos legais,
do que tudo; eu tabelião dou fé. É assim contratado me
pediram lhes lavrassem a presente escritura em minhas
notas a qual lhes sendo lida, acharam conforme e assignam
com as testemunhas presentes, DIOGO BENTO DA
SILVA e AUGUSTINHO FERREIRA digo, AGUSTINHO
FRANCISCO DA SILVA, assignando a rogo da outorgante
doadora por não saber ler nem escrever, GRINALSON
MEDINA, perante mim, JOSÉ XAVIER LEITE, tabelião
que a escrevi. Está devidamente assigmada com uma
estampilha de trezentos réis. São Pedro, 10 de junho de
1930 Sebastião Nogueira Santos.


GENEOLOGIA DE ALCEBÍADES LOPES AMADO


Francisco José Lopes da Rocha casado com Maria
do Carmo de Jesus Lopes; pais de Antônio Lopes da
Rocha. Casado com Mariana Antônia Lacerda, que gerou
Honório Lopes da Rocha, que foi casado com Francisca
Maria de Jesus Lopes, pais de Minervina Maria Lopes,
casada com Antonio Rodrigues Amado que são os pais
de Alcebíades Lopes Amado.

CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA CAPELA

Inaugurada na vila de Santo Antônio do Muqui,
posteriormente a 1914. Foram os seus timoneiros: Cap.
ANTÔNIO LOPES DA ROCHA e sua esposa, Dona
MARIANA ANTÔNIA DE LACERDA, que doaram um
alqueire de terreno para o patrimônio da capela, em 26
de fevereiro de 1912, por escritura passada no tabelião
JOSÉ XAVIER LEITE, Daí o nome da capela e da localidade
de Santo Antonio. Prestaram relevantes serviços a
numerosa família LOPES DA ROCHA, a família Sanches
e outros. Foi construída a capela toda em madeira. Os
doadores também presentearam com um lindo altar em
madeira de lei trabalhado e uma imagem toda de madeira
do padroeiro de Santo Antônio de Pádua. Dona Honorina
Lopes Barbosa (Dona Tota) era a presidente da capela
que ainda não era reconhecida pela Diocese de Vitória.
Foi ela a criadora das “Pastorinhas” por volta de 1930.
Em 1935, foi organizado um Conselho a fim de
que fosse reconhecida a capela do Padroeiro Santo Antonio
de Pádua, por: Constâncio Gonçalves Vivas, Francisco
Poubel da Silva, Francisco Pereira Cardoso, José Pasculli,
João Lopes Theodoro, Francisco Gonçalves, José Fernandes
Fonseca, Luiz da Silva Camargo, Adolpho Gonçalves
Vivas, Francisco Vencioneti e Guido Gualandi, com
administração do Padre Elias Tommasi.

Segundo Dona Odete Vivas Amado, o Padre Elias
viajava num burrico, para ir às capelas rezar as Santas
Missas. Certa ocasião, ele tomou um tombo do animal, e
no mês seguinte chegou de JIP. Ao termino da Missa, a
criançada em volta do padre, pedia a ele que desse um
passeio no carro. Dezenas e dezenas de crianças eufóricas
em torno do JIP. O padre não teve saída. Na vila o carro
era novidade, pois nessa época, havia somente a fubica
do tio Leonidio. Quando o veículo fazia retorno para a
volta, próximo a ponte da Boinha, este derrapou e acabou
caindo dentro do córrego. Graças a Deus ninguém se
machucou. Apesar de muitos e muitos anos passados,
respira aliviada a Dona Odete Vivas Amado.

SEGUNDA CAPELA

Construída, tipo alvenaria, com pedras naturais
irregulares, ou artificiais e tijolos. A torre, em cone, com
acabamento em zinco. Por volta da década de 40,
Minervina Maria Lopes, doou a nova imagem de Santo
Antonio. Ela saiu da fazenda Santa Cruz, em uma procissão,
levando a imagem para capela, com isso Dona
Minervina dizia que cumpria a promessa, pois curara-se
de um câncer no seio, acreditava que o intercessor da
cura fora o milagroso Santo Antonio. Conta a história
que o câncer atingira os olhos de Minervina, que também
foi curada pela intercessão de Santa Luzia, a qual sempre
venerou em oratório em sua residência, na fazenda. Desde
essa época, o dia 13 de dezembro, foi dedicado à Santa
Luzia, e festejado com queima de fogos de artifícios.
Mesmo com a morte de Dona Minervina, ocorrida em
agosto de 1982, a tradição é mantida e ainda hoje os fogos
podem ser ouvidos na Vila de Santo Antônio do Muqui.

Dona Minervina doou também para a capela, uma
luminária central, dois pequenos altares laterais, uma
imagem tipo barroca, em madeira de Nosso Senhor dos
Passos. Várias zeladoras e presidentes da capela contribuíram
até os anos 60 para manutenção da capela: Silvia
Figueiredo, Araci Lopes amado, João Lopes Theodoro,
Alcebíades Lopes Amado.

TERCEIRA CAPELA

A vila de Santo Antonio, vivia grandes expectativas
com a construção da nova capela. Fez-se um resgate
cultural no evento “As Pastorinhas”, e em 1961 foi criado
por Alci Santos Vivas Amado e Doroti Gomes Amado, o
famoso “Presépio vivo”, com a colaboração do povo da
vila. A capela foi transferida para o prédio da máquina, o casarão cultural.
para dar início à construção da Igreja Pedra de Santo
Antonio. Muitos nomes destacaram-se nessa construção:
Manoel Lopes Amado, Alcebíades Lopes Amado e Otavio
Braga (tio do cantor Roberto Carlos), os quais administraram
mais de 20 homens, moradores da vila, todos em
trabalho nessa obra.

Os movimentos que mais se destacavam, nessa
época, eram as Cruzadinhas Eucarísticas. O figurino
tinha uma fita amarela e uma cruz de cor azul, fazíamos
apresentações em diversas cidades do interior, Morro do
Coco, Mimoso, entre outras. A última foi em Conceição
de Muqui, no campo de futebol, que ficou repleto de
crianças, vestidas de branco e com a fita amarela, exibindo
lindas coreografias. Nessa ocasião o Padre Theodoro
trouxe um gravador. Todos ficaram encantados, foi a
primeira vez que se viu um.

Também havia os Lingüistas, o Apostolado de
Oração, as Filhas de Maria e as Liga Católica formada
apenas de homens. A Santa Missa era rezada em latim, e
aconteciam sempre no dia 13 de cada mês. Alci Vivas
Santos Amado foi coroinha e ajudou nas celebrações.

QUARTA CAPELA E ATUAL

Construída em projeto moderno para época,
herdou o sino da capela anterior, que teve seu bronze
rachado devido ao tempo de uso.

Década de 70. Toda a capela em festa para receber
a doação do turíbulo, oferecido pela Dona Minervina, e o
relógio da torre, iniciativa de Alcebíades Lopes Amado.
Esse dia muito especial, também foi marcado pelo início
dos serviços de alto-falantes da capela.

No final dessa década, Alcebíades Lopes Amado e
a comissão da Igreja, resolveram trocar o forro da capela
que era de madeira, e algumas partes já se encontravam
danificadas, o qual foi refeito com laje de concreto. Nessa
mesma década, providenciou a chegada de duas imagens:
Nossa Senhora, para coroação; e uma imagem bem
maior do padroeiro de Santo Antonio do Muqui.

Com os documentos do Concílio Vaticano II, a
nova denominação comunitária: Coordenadores de Equipe
da Comunidade. Aliás, acredito não ser um novo jeito,
mas sim a Igreja em busca do resgate das comunidades.
“Vede como eles se amam!”

Um fato que chocou a vila foi o roubo da imagem
barroca de Nosso Senhor dos Passos, confeccionada em
madeira, na década de 80.

REGISTRO DE FAMÍLIAS - DÉCADA DE 40 a 70.

Lopes, Rocha, Amado, Vivas, Salluci, Gomes,
Barbosa, Guimarães, Sanches, Figueiredo, Popim,
Setime, Oliveira, Dos Santos, Torres, Possi, Prúcolli,
Morisqui, Valim, Sarti, Girondi, Favaris, Nazaré,
Espani, Gonçalves, Passareli, Prechedes, Benevenutti,
Bonfanti, Cacholli, Cock, Fitaroni, Galegario, Menegucci,
Assaid, Ramanholi, Gualandi, Astolfi, Bonfanti, Poubel,
Pasculli, Theodoro, Fonseca, Camargo, Venciooneti,
Gerônimo e Peres.

O Sr. Sebastião Prúcolli e Dona Conceição moravam
na “Fazenda Sapucaia”, certa ocasião fui em sua
casa buscar prendas para o leilão da Cruzadinha, e ele
me contou alguns fatos.

Lembrava-se da chegada ao Brasil quando garoto
junto de seus pais e tantos outros imigrantes, no dia 02
de dezembro de 1899. Segundo ele, a maioria das famílias
não sabia qual o destino a tomar, algumas se instalaram
no Estado de Santa Catarina, zona rural e outras no Espírito
Santo.

Ele não se recordava de detalhas, mas sua família
foi parar no município de São José do Calçado; de lá, eles
e mais meia dúzia de famílias embarcaram no trem.
Quando o maquinista anunciou. — Final da linha. Eles
desceram, num lugarejo denominado Santo Eduardo,
onde permaneceram mais de uma semana à espera de
uma condução.

Sr. Sebastião deu um sorriso e continuou o relato.

— E finalmente, surgiu! Um carro de boi! Chovia um
pouco, nos agasalhamos e partimos. Na viagem o tal
carro de boi tombou, em consequência das águas chuva.
Felizmente, nada pior aconteceu. Ainda me lembro de
que no dia seguinte, houve a distribuição do pessoal, e a
minha família mais uma outra foram para São Pedro de
Alcântara, hoje Mimoso do Sul. Bem mais tarde, eu já
rapazinho, comprei um pedaço de terra na Sapucaia, onde
me casei e tivemos nossos filhos.

Com a implantação do dízimo, a capela deixou de
coordenar o prédio do coreto, que no passado era a fonte
para manter os trabalhos religiosos e programar os festejos
que ocorriam todos os anos no dia 13 de junho.

Nota: Algumas descrições deste capítulo foram baseadas

no Livro de Grinalsom Medina. 

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