terça-feira, 29 de julho de 2014

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA



Monumento Cristo Redentor . Mimoso do Sul - ES


Emancipação política


Para digitar nossa história,
Nos tempos da rota do café,
Com bastante gente conversei,
Você vai começar ler agora,
O que o poder administrativo faz,
E ao brincar com o cordel...
Pouco a pouco...


Tomando consciência, do resgate que se refaz.
O poder político da época, forças se multiplicam,
Administração fechada e nenhum senso de justiça,
Regras diferenciadas ao povo aplicam...
Os eleitores encabrestados davam-lhe carta branca,
Interina autoridade...
A troco de pão com linguiça,


Eles chegavam ao poder usando essa alavanca
Não havia TV e nem a zona franca.
Pesquisei literaturas e a tradicionalidade,
“Ruminei” sentimentos, sofridos e humanos,
Como protagonista com os fatos da cidade,
Com os causos, reais e ficções soberanos,
Onde se visitavam...


A depressão não existia,
Poderia até faltar numerário, mas não havia tédio,
Oxigênio era puro! Era um santo remédio.
Assim nasceu São Pedro de Alcântara,
Vila tranquila, construída por inteira,
Por iniciativa de um barão do café,
Senhor Manoel Joaquim Pereira,


Cidadão firme e trabalhador,
Com o lema e o ideal para servir,
Foto Vitor Nogueira
Num projeto e desafio a cumprir
A população de São Pedro progredia,
No emprego, no amor e confiança,
Também a educação, o comércio, dia após dia,
Tudo multiplicava em clima de esperança,


Eram frutos do otimismo, da paz...
Resultado do trabalho da região
Onde os contribuintes davam-se as mãos.
A vila crescia tanto... Tanto!
Que perdera os seus encantos,
Sua identidade chega ao fim,
Desliga-se de Cachoeiro de Itapemirim.


Denomina como Sede, Câmara municipal,
Cidade de São Pedro de Itabapoana,
Pela Lei Provincial.
A cidade com o tempo estagnou!
Não oferecia projeção para crescimento,
Devido ao relevo, a falta de áreas planas
Outra Sede já vinha sendo estudada,


Pelos barões, que “ajuntavam ouro com o rodo”,
João Pessoa ou Fazenda Mimozo,
Entre vales férteis, caminhos firmes...
 Já recebia os primeiros trilhos,
Era realidade uma linha de ferrovia,
Com certeza era grande impulso
Ao sustento dessa economia,


Os São Pedrenses comentavam:
— Isso é arapuca armada!
Para ver os barões contentes
Será que vamos embarcar nessa canoa furada?
Inauguram a estação tão esperada,
Vontade de embarcar, perspectiva
O trem que já apita...



Chega e parte! Leva passageiro!
Boa sensação... Uns com medo...
Rezam até o Pai nosso...
Pergunta o bilheteiro:
— E esse menino?
A mãe responde ligeiro.
— Senhor, esse guri é nosso!

Ao correr dos fatos, pode até se afirmar,
Fica em cada cabeça, sim ou não acreditar,
Na inauguração da ferrovia
Muitos causos podem narrar,
O trem quando vinha ao longe,
Fazia os corações baterem forte
Ficavam apavorados, pareciam ver a morte.


Seu Mané Sete e Zé Linguiça corriam,
Arnaldo Boca de Gamela e seu Ezequiel:
— Isso não é possível!
Será que somos cachaceiros?
Um deles montou num burrico do Sr. Alipio,
Homem trabalhador,
Conhecido carroceiro.
Foi contar a novidade para o seu patrão,
Dono de gado, café, rei do barão.

— O meu chefe não vai acreditar
Na estória que vou lhe contar.
Logo o trem vai chegar...
Fazia ele tanto castelo no ar
Que nem parou para pensar.
E aí que foi se lembrar...
O empregador estava a viajar.
Além de ser amigo, era também patrão,


— Gosta e aprova tudo que eu faço,
Não sou parado e nem bobão,
Mas tem gente que pensa mal de mim,
Falam que sou puxa saco...
— Eu nem ligo, sei que sou ligeiro,
É meu semblante que parece pacato.
Imagine quando o trem passar,
A manada do patrão vai se espantar,

Podem estourar...
E ao encontro com a máquina,Se atropelar...
É por isso que eu devo ir a frente,
Tocar toda a boiada...
E nenhum animal se machucar.
Cinco horas depois...
Cansado de muito tentar.

Alguém falou ao dono da fazenda,
Contando todo o fato...
Daquele empregado otário
Que lhe prestava serviço
A troca de meio salário.
Do outro lado da linha
O chefe com dor no saco

Devido tal empregado
Ser chato, como carrapato,
Mas disse a esposa do fazendeiro:
— Meu Deus que destino ingrato,
Perdoa esse empregado que vive em ti grudado.
Pede a ele explicação,
Como tudo isso aconteceu?

Na hora em que o trem passou,
E como foi que as cinco reses
A máquina de ferro as matou?
A mulher falava...
O fazendeiro suava...
Nervoso e devido ao forte calor.


— Liga o ventilador.
A esposa cuidadosa ainda lhe diz:
— Mantenha a calma homem!
Vou buscar o rezador,
No telefone à manivela,
O patrão a ironizar:

— Fala meu funcionário querido.
E o dito começou a bajular.
— Eu gosto muito do senhor...
E tudo vou lhe informar,
Graças ao meu bom Deus
O trem não matou mais,
Por que amigos eu chamei para me ajudar,


— Ajudar como? Conte-me depressa,
Pare de me enredar.
— Não patrãozinho, sem rodeio e sem babar,
Vou tudo lhe contar...
Só cinco cabeças, aquele trem matou,
Já pensou se aquela coisa viesse de lado...
Ainda bem que veio de frente,

Se não mataria mais bois,
Também os Cavalos
E quem sabe muito mais gente.
A parteira, Dona Maria Feliciana,
Quase fica sem dentes,
Foto Vitor Nogueira
Ela foi à casa de João Pelanca,
Para o café, ele cortava a cana,


— Foi isso ai mesmo meu patrão,
A máquina veio voando,
Passando-lhe de raspão.
Falava o deputado Justo Veríssimo,
Grande gozador!
Deixou-nos saudade,
Da Rede de Televisão,

A comentar as classes altas e médias,
Que também marcou seu rastro
Com piadas certeiras, direto ao coração.
Salve o capitão Ascanio Fernando,
Cidadão respeitável e respeitado,
Nas festas cívicas da cidade,
Bem visto, bem vestido,
Calça e camisa engomada
Sapatos novos engraxados,
E o colarinho de ponta virada.


Mais um homem em Mimoso brilhou
Autêntico chefe político,
Prometia... Construía...
Era muito ajeitado, falava todo dengoso...
E quando falava, tava falado,
Seus correligionários... Submissos eleitores,
Obedeciam! Todos calados.


Coronel Cesar Paiva, outro pé de esteio,
Fazendeiro na periferia,
Voz gorda e bem-vinda,
Entrava na casa de Dona Joana,
Seu grito vinha com amor,
— Vim tomar o seu café...
Acabo de vir da missa, na Igreja de São José.

Prudêncio Arrabal,
Progenitor do famoso médico, Dr. Juca!
Grande José Arrabal!
Embreou-se na lista
O melhor dramaturgo,
Muita sensibilidade e insigne escritor,
Gonçalo pé de mesa, sua obra imortal.


Reporto-me a outra grande figura,
Evaldo Ribeiro de Castro,
Próspero alfaiate de nossa história,
Desde a sua juventude dedicou-se à glória
Ao footing domingueiro, na rua da estação,
Roupas que o próprio confeccionava
Para abrilhantarem na era da exposição.



Ao correr do tempo, Evaldo já dizia,
— Minha amável cidade! Todos os seus distritos,
Tem histórias que o povo conta,
Fatos que as pessoas dizem,
Foto Vitor Nogueira
O crescer dessa cidade,
Está na corrente dividida
Por suas quedas e subidas.
Desde 1870, erguia gigante construção,

Fazenda Mimozo, o grande casarão,
Imensas glebas de terras, muitas lavouras
Bastante empregados, tendo como patrão,
Pedro Ferreira da Silva, que nunca teve raiva,
Homem lutador, título de capitão,
Sua esposa era Joana Felícia Paiva.


Havia grandes áreas cultivadas,
Cercadas de estacas grossas,
Quando a chuva caia,
E seus empregados da roça voltavam
Trazendo os carros de bois
O barro da estrada enfrentavam
As rodas nos eixos cantavam.


— Cadê o boi Mimozo?
Indaga o fazendeiro
Com carinho e dedicação
— Que boi danado de arteiro!
Arrebenta as cercas,
Quebra a canga, pula os vales,
Tira a paciência do carreiro.
Vai lá para roça dos cafeeiros,

Incomoda os vizinhos,
Promove prejuízo aos meeiros,
E enche o saco dos trabalhadores.
Mesmo assim lhe tenho afinidade por inteiro,
Pois esse boi é bonito e jeitoso,
Levarei para sempre seu nome como companheiro.
Certa ocasião chovia bastante,
O boi Mimozo numa rua se atolou,

Seu dono arregaça as pernas da calça,
Sem se importar com seu titulo de doutor,
Na enchente ele entrou
Laço na mão, descalço com os pés no chão,
Junto ao animal, ele desatolou.
Apesar das pistas, a história não mencionou,
Se o nome do boi Mimozo influenciou
Para que no futuro a Sede já pensada

Teria o distrito, o nome Mimoso como herdeiro,
Imposto pela voz gorda do coronel
Pela afinidade ao boi...
E a distribuição de dinheiro.
Não havia melhor data
Para concretizar o plano
O país estava em revolução, 1930 era final do ano
No dia 2 de novembro, arranjou até canhão,

Com muitos soldados armados,
Ia ser um golpe certeiro, coisa de ladrão.
Força brutal e coragem emocional,
A tropa comandada por
Waldemar Garcia de Freitas,
Acompanha o comboio de 13 caminhões,
Não deveriam encontrar barreira,
Já que todo povo da cidade, sem cobiça,
Estava na Igreja orando, in memóriam,
Rezavam unidos, o sacrifício da santa missa.


Os soldados chegaram, alguns homens rudes,
Foto Vitor Nogueira
Outros agressivos, que receberam instrução,
Por serem empregados de barões
Das fazendas de áreas adjacentes,
A paz foi quebrada, numa tremenda confusão,
Ouve-se um tiro, perto da casa do Zé Callil,
O estampido acertou o sino e um velho barril.


Na ladeira, uns subiam, outros desciam,
As mulheres apavoradas:
“Cuidado Dona Maria”
Pegavam seus filhos e os escondiam,
Uma missionária toca o sino,
Por ver que tudo estava sendo levado,
Pede socorro e auxílio do Divino,

Foto Vitor Nogueira

Um ataque bem armado
Pelos vizinhos revolucionários.
O responsável pela trama...
Só pensava em economia
Era homem forte e a tudo resistia,
O desenvolvimento da nova Sede
Uma rota turística, era o que ele sonhava,


E assim chega o fim dessa comarca...
Final doloroso!Tudo acabou, até a sua marca. 
Objetos, arquivos, livros de tombo...                     
Tudo jogado às pressas sobre uma carroceria,


o que sobrou, ficou em escombros.
Assalto total...
— Roubaram tudo!
Disse Rosinha Caroli,
Quando foi agredida...
Furtaram dossiês que tinha em mãos.
O povo traumatizado
Nenhuma informação...

Já ao longe, a poeira, rastro dos caminhões.
Enquanto isso,
Dias após...
No Estado da Guanabara, RJ, capital,
Pouca informação para o povo
Estavam os quartéis em prontidão,
Numa luta para execução
Do chamado “Estado Novo” .
Foto Vitor Nogueira

Revolta... Poder...
Ou traição.
Washington Luiz foi deposto,
Getulio Vargas assume o poder,
Homem ditador e muito arrogante
Civil que enfrentou a revolução,
Nem sabia do acontecimento no município,


Ou do distrito regulatório,
Apenas serviu como “bode expiatório”
Foi assim o triste marco!
De uma Sede Municipal,
Sem alma e sem memória
Que em nossos dias presta-lhe homenagem
Com o Festival de Sanfona e Viola.


Ao apoderar-se do roubo,
Após 1933, passa a ser reconhecida,
A cidade João Pessoa...
Que começa a entrar em cena
Alimenta-se de esperança,
O progresso começa a fluir,
Tendo como vizinho, Cachoeiro de Itapemirim.


João Pessoa, cercada de montes,
Entre vales e serras,
Contam as nossas histórias,
Colunista, intérprete, poeta e escritor,
Que Pedro José Vieira
Nomeado como primeiro interventor,
Que nos fatos de São Pedro, ele também foi autor.


Volta em cena...
De interventor para prefeito
O mesmo Pedro José Vieira,
Foi ele, o primeiro eleito,
No meio de uma instabilidade,
Visando manter uma influência
Para progredir uma cidade.


A história política segue adiante,
São administradores da terra,
São “sementes” deste chão
Luiz de Lima Freitas,
Jasson Martins de Araujo,
Anibal Ataide de Lima,
Todos cheios de inspiração.


1943 Assume David Fidalgo Ferreira,
Inicia a sua administração
Dando o nome definitivo para a cidade
Atendendo ao pedido do seu compadre,
Fazendeiro dessa região,
Atleta de sovaco cheiroso
E assim nasceu Mimoso.


Mimoso do Sul
Até aos nossos dias atuais,
Outros administradores,
Sentaram-se na cadeira executiva:
José Fernandes Tâmara,
Carlos Figueiredo Cortes, e Rubens Rangel,
Cada qual com um projeto fiel.


Continuando veio em eleição,
João Maximiano Guarçoni,
Olimpio José de Abreu
Darcy Francisco Pires,
Tentaram mostrar como se libertar:
Alcança-se com o trabalho,
Mas há dois modos de se trabalhar.


Há quem trabalhe com a cabeça,
E há quem trabalhe com o coração
E assim segue a nossa eleição,
Domingos Serenari Guarçoni,
Fernando José Coimbra de Resende,
Democracia de uma mesma sinuca,
Transparência da mesma arapuca.



Agora vamos para o ano de 1989,
Anos de prosperidade e crescimento,
Pedro José da Costa,
Benedito Silvestre Teixeira,
Ronan Rangel,
Às vezes eram tantas incertezas...
Não definíamos: estamos no purgatório ou no céu?


José Carlos Coimbra de Rezende
Iniciou a cadeira executiva em 2001,
Ao eleitor levou alguma decepção
Nos ocorridos políticos da administração,
Até o bolo da equipe tem dúvida,
Não sei se foi por promessas,
Traição ou dívida.


Até que em fim deram chance,
A uma candidata mulher,
2005 a 2008, Flavia Cysne, eleita,
Semeou mais verdades
Deu exemplo de governar,
Apanhou mas não traiu,
Enfim nessa época o asfalto saiu.


2009 a 2012, Ângelo Guarçoni subiu a rampa
Foi lhe passado a faixa do poder,
Com o lema vem de berço político de ação,
Mas durante o seu reinado, ouve tanta distração,
A mais grave foi a dívida deixada,
O Comboio da prefeitura totalmente sucateado
E como humor a distribuição do feijão.


Mesmo assim, tentou a reeleição...
Não deu, para o grupo foi a maior decepção,
Assume pela segunda vez a mesma mulher,
Que tinha em seu legado, registrado
Menos de 1% de corrupção
Com garra ela assume a administração,
Parece até que usa uma varinha de condão.

Corajosa vai à luta, trabalha
No início enfrenta árduas emboscadas,
Não se intimida, coloca o Altíssimo à frente,
Ela faz como fez o rei Salomão,
Pede Luz, sabedoria e humildade,
Para governar e servir aos seus irmãos
De forma igualitária para toda a cidade.
Novos rumos, novas edificações virão,
Contudo, sabemos nossa cidade tem problemas,
Com inteligência não é difícil resolvê-los
O “corpo” executivo estará próximo de você,
Acompanhando os anseios de cada cidadão
Ainda mais agora que estamos comemorando
Oitenta e três anos de nossa emancipação.


De 02/11/1930 a 26/11/ 2013
São muitas histórias,
Muitos fatos e fotos, muitas lendas
No correr dos dias
Concluímos várias “tendas”
E colocá-las em prática,
Se não for por projetos, será pelas emendas

Nenhum comentário:

Postar um comentário